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Entendendo a radiação

Você então pode pensar: “Nossa, mas se o sinal do Wi-Fi é um tipo de radiação, é claro que ele é perigoso! Toda radiação é perigosa!” e a resposta para esse pensamento será: depende. É claro que radiação é perigosa, como o desastre de Chernobyl já nos provou, mas isso não quer dizer que todo tipo de radiação é perigoso. Muito pelo contrário.

Isso porque não são apenas os celulares, roteadores Wi-Fi e reatores de fissão nuclear que emitem radiação: o seu rádio emite radiação sempre que está ligado, e caso você possua uma antena na sua TV (e não apenas os canais a cabo), ela também emite radiação. Ora, até os raios solares são um tipo de radiação, e são a prova de que as pessoas não entendem o que quer dizer essa palavra, já que muitas vezes a mesma pessoa que fica alertando sobre os perigos do sinal do Wi-Fi também te encoraja a sair da frente do computador ou videogame e ir “lá fora” para aproveitar o Sol.

Isso acontece porque as pessoas não costumam ter conhecimento sobre a divisão dos tipos de radiação, que podem ser classificadas em ionizantes e não ionizantes. Quando ouvimos falar em “radiação”, automaticamente o que nos vem na cabeça é a radiação do tipo ionizante, que é aquela que é realmente perigosa para o corpo humano, como raios-x, radiação gama e a radiação ultravioleta (UV). Enquanto isso, os sinais de rádio, TV, celular e internet estão na aspecto não ionizante, que são os tipos de radiação que não trazem nenhum risco para o corpo humano.

O nome desses dois tipos de radiação já deixa bem claro sobre o perigo de cada uma delas: a ionizante possui a capacidade de ionizar um elétron — ou seja, possui energia suficiente para excitar os elétrons de um átomo e tirá-los de suas órbitas —, e por isso a exposição constante a esse tipo de radiação pode causa diversos problemas ao corpo humano, incluindo a geração de tumores cancerígenos e até mesmo a falha generalizada do funcionamento dos órgãos. Já as radiações não ionizantes, como já fica claro pelo nome, não possuem energia o suficiente para influenciar os elétrons de um átomo, o que a torna inofensiva.

A diferença entre estes tipos de radiação está na forma de onda pela qual ela é propagadas: radiações que possuem formas de onda mais longas (ou seja, são propagadas em menor frequência) são consideradas do tipo não ionizado, e neste padrão estão não apenas os sinais de rádio, TV, celular e Wi-Fi, como também as conhecidas micro-ondas e os raios visíveis de luz. Já aquelas radiações que possuem um comprimento de onda mais curto (ou seja, são propagadas em uma frequência maior) são as realmente perigosas, e é onde se encontram os raios-x, a radiação gama e os raios UV.

Por isso que nosso Sol é um sistema complexo: ao mesmo tempo em que a radiação que nos ilumina e esquenta nosso planeta é do tipo inofensivo, o astro também emana em menores quantidades raios UV, que são uma radiação do tipo perigosa, e é por isso que a longa exposição ao Sol pode influenciar o desenvolvimento de células cancerígenas.

Outro ponto importante para definir o “estrago” que uma radiação pode fazer é a potência na qual ela é emitida. Por exemplo, a radiação conhecida como micro-ondas é inofensiva, mas ao mesmo tempo pode ser usada para esquentar alimentos — e esse resultado é conseguido unicamente por conta da potência com a qual essas micro-ondas são utilizadas. Para conseguir esquentar os alimentos, um aparelho de micro-ondas padrão utiliza um núcleo com potência de 700W, e com essa potência demora cerca de um minuto, em um ambiente totalmente selado e desenvolvido, para concentrar e amplificar os efeitos da radiação, conseguindo então ferver um litro de água rapidamente. Em comparação, mesmo os roteadores mais potentes — aqueles que possuem cinco antenas e conseguem emitir sinais de internet Wi-Fi numa área de centenas de metros — dificilmente possuem mais de 1W de potência, que é dissipada praticamente apenas na área em contato direto com o aparelho.

Isso acontece por causa de outra propriedade dos sinais de radiação: eles perdem força exponencialmente não apenas quanto mais longe se está da fonte, mas também para cada barreira que exista no caminho deles. Como a radiação desses aparelhos é propagada na forma de ondas, elas acabam se dispersando quanto mais se afastam da origem do sinal — e, em casos de equipamentos de pouca potência como um roteador, é necessário apenas alguns centímetros de distância para que essa radiação esteja tão dispersa que se torna praticamente nula.

Por isso que, ainda que os transmissores das torres de telefonia celular sejam muito potentes (o que poderia tornar o sinal emitido por eles não tão inofensivo), o fato de eles serem instalados em grandes alturas e, quando possível, em áreas afastadas dos centros urbanos, permite que qualquer radiação danosa que possa ser emitida por essas torres já esteja tão dispersada ao atingir uma pessoa no nível do solo que os efeitos negativos a essas pessoa serão nulos.

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